Para formular o perfil dos ciclistas da Grande Ilha, aplicou-se o questionário de mesmo nome, que tenta identificar as características dos usuários da bici espalhados pela Grande Ilha. O formulário aplicado foi disponibilizado pela ONG Transporte Ativo e teve como público alvo, homens e mulheres ciclistas. As ações foram realizadas ao longo dos 8 meses de veiculação da pesquisa no site do projeto.
PERFIL
CICLISTA
RUMBORA
NESSA
PANKA
Com o objetivo de aproximar o público da plataforma on-line, principalmente daqueles que se veem impedidos de acessar à internet, criou-se algumas estratégias. Uma delas funcionava como uma espécie de blitz, só que voltada ao ciclista. Na abordagem era oferecido ao ciclista desde ajuste nas bicis a brindes; água e um dedo de prosa também não faltaram. Assim foi sendo descoberto um pouco mais do Universo de cada entrevistado.
Essa ação de fomento e publicização recebeu o nome de Rumbora Nessa Panka que visava, sobretudo, dialogar com o público alvo da pesquisa. Ouvir as história daqueles que vivenciam a cidade em seu ir e vir, marcando presença em espaços públicos e privados.
Compreender quem são os ciclistas, como se relacionam com as bicis. Por onde andam e como se sentem ao pedalar pelas cidades que compõem a Grande Ilha foram as perguntas centrais dispostas em cada bloco para se ter essa compreensão. Mais do que satisfazer a curiosidade sobre o perfil de quem usa a bicicleta nas cidades, o rumbora se propõe a conhecer as realidades das cidades, entendendo isso, como sendo um pressuposto a ser percorrido para se pensar as as soluções de acordo com suas particularidades. Os dados coletados cumprem a função de trazer um diagnóstico das situações locais de cada cidade pesquisada vivenciada pel@s ciclist@s e, com base nisso, elucidar informações que possam subsidiar a formulação de políticas públicas para o uso da bicicleta.
A pesquisa qualitativa traz uma análise mais aprofundada dos dados o que possibilita uma maior inclusividade às discussões, partindo do pressuposto de que a análise feita aos dados subjetivos facilitam a compreensão quanto as peculiaridades diversas, sob várias perspectivas;
Nesse sentido, o questionário apresentou uma série de perguntas em cada bloco, objetivando responder a um questionamento principal, quais sejam eles:
Quem é tu no rolê da bicicleta?
72 %
27,8 %
0,1 %
72 %
12,4%
15,6%
43,1%
21,8 %
1,2%
33,9 %
64,8%
6,2%
3,8%
10,7%
14,6%
67,5%
16,7%
10,8%
3,1%
viuva/(o) *
prefiro não dizer *
* representam menos de 0,1%
Qual sua relação com a bicicleta?
44,3%
52,8%
2,6%
Qual é o tipo de bicicletada que tu pedala?
* MTB e Speed
*
25,5%
18,0%
12,1%
10,8%
5,4%
10,8%
17,3%
39,9%
17,8%
7,5%
22,2%
0,8%
9,3%
2,6%
*
* Levar filhos a escola
49,5%
10,0%
40,5%
26,6%
17,9%
19,6%
17,3%
4,5%
0,5%
1,0%
9,7%
2,9%
31,4%
68,6%
23,7,%
76,3%
13,5%
21,2%
7,6%
10,4%
5,6%
14,6%
11,6%
6,2%
8,2%
* motivação: INFRAESTRUTURA - Menos de 0,1 %
*
Qual teu movimento com a bicicleta?
como tu se sente ao pedalar pela grande ilha?
24,1%
45,7%
19,8%
8,6%
1,9%
52,5%
20,4%
4,3%
22,8%
80,4%
19,6%
considerações
Saúde, rapidez e praticidade são as principais motivações para que a bicicleta seja utilizada como meio de transporte urbano. Essa premissa é confirmada pela pesquisa do perfil do ciclista rumbora se amostrar a qual mostra, através das estatísticas que 21,22% dos usuários pautam esta escolha por uma questão de saúde. Seguido pelo percentual de 14,60%, que visam rapidez e praticidade.
De um modo ou de outro, a realidade que se mostrou nesta pesquisa evidencia a presença de um perfil de ciclistas bastante evidente nas cidades, principalmente em São Luís, a julgar pelo fato de que os usuários da bike esportiva tem presença marcante na região, ainda que não represente o público em sua maioria, é notável o reflexo disso em várias esferas.
15% dos respondentes veem a bike como aliada às atividades esportivas e competição, sendo que a primeira escolha, como sendo a saúde (23%) também abrange esse público, a julgar pelo fato de que muitas pessoas praticam esporte almejando melhorar a qualidade de vida e por consequência, a saúde.
É o público que, de forma geral, vê a bike como um instrumento para a prática de atividades físicas, esporte e lazer e que, de certa forma, são mais exigentes no momento da escolha do modelo da bike: acabam optando por modelos capazes de proporcionar níveis de desempenho e performance até porque ela está ligada a função de competição/esporte.
Esse comportamento se vê refletido na composição e nas características de muitos dos grupos de pedais existentes na Grande Ilha.
A maioria dos grupos de pedal estimulam o uso da bicicleta para a prática de atividades físicas, competitivas ou a passeios, se distanciando, portanto, da proposta da bicicleta ser vista como meio de transporte, já que não estimulam a autonomia e a independência econômica que a bicicleta pode proporcionar. A exemplo disso, tem-se a situação dos passeios ciclísticos promovidos por alguns dos grupos de pedal que condicionam sua realização muita das vezes, somente se houver escolta da equipe da SMTT (Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte) para acompanharem o trajeto a ser realizado.
Sem mencionar das exigências de acessórios feitas por alguns grupos de pedal para que a pessoa interessada possa participar das atividades que por eles são desenvolvidas e que ultrapassam até mesmo o que é exigido ao ciclista, de acordo com a própria Código de Trânsito Brasileiro. A previsão normativa no diploma em questão elucida na redação do artigo 105, inciso VI, do CTB que os equipamentos obrigatórios segundo definição feita pelo CONTRAN, são:
“VI - para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo”.
Sabemos que alguns deste itens obrigatórios nem tem utilidade no andar de bicicleta no dia a dia em grandes cidades e outros acessórios novos que representam ainda mais segurança no ir e vir cotidiano das bicis. Porém também acreditamos que o adentrar a forma de se mobilizar através de um transporte ativo e que busca o convívio mais prazeroso com a cidade, deve se ser livre e estimulado, com informações sobre segurança e o respaldo e cuidado por praticantes mais experientes deste modal, assim incentivando, democratizando e polarizando o grupo que se dispõe a pedalar pelas avenidas da ilha.
Nesse sentido, prevalece, quase que de forma unânime, ante a análise às respostas dadas, de um reconhecimento da bike como um elo importante para a manutenção da saúde, e como sendo um instrumento capaz de proporcionar rapidez e redução do tempo de deslocamento. Além de ser vista como uma estratégia econômica para os bolsos dos cidadãos da Grande Ilha.
Se alguns dos benefícios de quem opta por usar a bike já são reconhecidos pela população, porque esse modal ainda não ganhou o espaço merecido e almejado pelas pessoas nas cidades, de modo a tornar-lo como uma opção viável para que os cidadãos a utilizem para seus deslocamentos?
Quem já faz o uso da bike como meio de transporte, faz questão de olvidar as vantagens dessa opção:
“O que eu acho bom de andar de bike em São Luís é o fato do tempo que levo pra ir de um lugar ao outro, por que de bus chego a demorar 2x mais! Quando você vai pra algum lugar que tem uns 10, 15 km de distância, de bike você faz rapidinho por que você corta pelos bairros.
O bus tem que fazer tooooda aquela volta, sem contar que o tempo que eu levo pra fazer 10 a 15 km é o tempo que ficaria esperando o bus na parada.
O outro ponto é
a sensação de que me sinto mais seguro andando de bike do que ônibus, nunca fui assaltado de bike, mas de bus já perdi 2 celulares. Com a bike eu vou pros lugares e não fico dependendo do transporte público e de seus horários pra ir de um ponto ao outro…”
Depoimento de Rafael Dias, que usa a bike pra tudo e a vê como meio de transporte urbano e como um veículo garantidor de sua liberdade.